Nosso cérebro é como um processador de computador: sua memória é limitada, tem uma capacidade esgotável de armazenamento e recursos específicos que podem ser utilizados em um determinado período de tempo.
O mar de distração que nos rodeia impede que nos concentremos plenamente em uma só atividade pelo tempo devido, já que qualquer tarefa concorrente ocupa mais espaço em nossa capacidade de concentração, foco, resolução de problemas e para ser criativos. Como consequência desse déficit nas habilidades cognitivas, o funcionamento do raciocínio é consideravelmente comprometido.
Poucas pessoas estão cientes que esses hábitos podem ser prejudiciais, ou nem se importam com isso, porque eles não são suscetíveis de interromper o que estão fazendo ou fazem. Mas esses hábitos incutem um efeito adutivo e, de certa forma, alienante, e podem sim atrapalhar a realização de tarefas simples ou complexas.
Alguns desses hábitos são:
1. Culpa
A culpa tem sua origem eventual em questões más resolvidas do passado. Mágoa e ressentimento acumulados são como o câncer: crescem a cada dia e podem nos destruir física e emocionalmente. É claro que todos nós sentimos culpados de tempos em tempos e, quando o fazemos, pedimos desculpas ou agimos para resolver uma situação e sanar esse tipo de sentimento. Porém, a culpa não abordada que retorna periodicamente cria uma distração cognitiva prejudicial ao nosso raciocínio, já que a sensação de estar culpado aprisiona a mente ao invés de libertá-la.
2. Reclamação
Todos nós precisamos botar para fora frustrações e discordâncias em relação ao mundo e sobre o que acontece em nosso entorno, e fazemos isso na forma de reclamações. Mas muitas delas são ineficazes praticamente, e não levam a nada além de um alívio emocional periódico.
É comum externarmos nossas histórias tristes com a intenção de liberar raiva, mágoa, ódio e ressentimento, mas é incomum que façamos esses relatos de forma a encarar os fatos sob uma perspectiva não pessoal, que talvez elucidasse o problema. Raiva e frustração exigem muita energia mental, desgastam, e isso acaba drenando nossa capacidade intelectual, no fim das contas.
3. Rejeição e autocrítica
A rejeição cria um impacto emocional tamanho que essa tribulação afeta diretamente nosso humor. Lidar com a rejeição, no sentido de entender que ela é factual, corriqueira, é uma vantagem estratégica sobre a frustração ou tristeza.
Às vezes, a rejeição pode acarretar autocrítica demasiada, tão ou mais severa que a própria rejeição. Julgamentos precipitados e falsas atribuições são comuns ao enfrentar uma rejeição, principalmente quando ela vem das pessoas que creditamos as maiores expectativas. Querer eliminar a injustiça no mundo ou suplicar por reconhecimento de todas as pessoas que nos importamos toma muito tempo e esforço mental, o que faz nublar algumas habilidades cognitivas relacionadas ao potencial de raciocínio.
4. Pessimismo
Assim como remoer o passado (e não aprender com ele) nos impede de raciocinar de maneira íntegra, imaginar futuros catastróficos (hábito comum de pessimistas) é algo degradante para efeitos intelectuais práticos. Resgates mentais mal sucedidos não salvam nosso presente, assim como predições negativas. O poder de raciocínio se intensifica quando nossa concentração está livre de reminiscências vazias e profecias desastrosas.
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